sábado, 30 de agosto de 2008

Estadunidense


Uma questão que causa um certo burburinho é a de qual seria o gentílico correto daquele que nasceu nos Estados Unidos da América, o famoso United States of América, USA para os íntimos. O mais comum é “americano”. Basta uma rápida folheada em um jornal qualquer e encontramos uma notícia relacionada àquele país em que consta: “os cidadãos americanos...” O termo “norte-americano” também figura com certa assiduidade nos periódicos. Porém, há um terceiro que me agrada bastante: falo do “estadunidense”. Por que esse em detrimento dos anteriores? Analisemos o assunto com calma e sem exaltações, por favor.

O sujeito nasce no Brasil, é brasileiro; nasce na Colômbia, é colombiano; no Peru, peruano e assim por diante. Todos esses países mencionados e outros tantos - um total de 35 (trinta e cinco) - estão localizados no continente americano. Este, como sabemos – não custa lembrar – é dividido em três partes: América do Sul, Central e do Norte. Por que então, chamar os que nascem nos EUA – outra alcunha da maior potência econômica mundial – de americanos se o continente é prenhe de outros países?

Na América do Norte temos outros dois países afora o do tio Sam: México - sim, México sim - e Canadá. Portanto, o termo “norte-americano” também não é o mais adequado, haja vista que de certa forma discrimina os outros igualmente pertencentes àquela parte do continente.

“Antes eram americanos, depois norte-americanos, hoje não passam de estadunidenses”, escreveu Demétrio Magnoli, em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo. Concordo. Afinal, americanos somos todos nós que nascemos no novo mundo. Digo sem ufanismo. Apenas uma questão de bom senso. Lingüístico, inclusive.

O termo “estadunidense” existe de fato, ou seja, consta nos dicionários, bem que poderia ser aplicado com mais freqüência. Porém – sempre ele –, o complexo de vira-latas de que falava Nelson Rodrigues não permite que os chamemos assim. Talvez porque o termo em nada se assemelha com o inglês. Americano e american são similares. É possível até mesmo aplicarmos o famoso sotaque, enquanto que o sotaque em “estadunidense” não fica legal, não é? A Madonna falando “americano” – com o sotaque, claro - é possível, é viável, já “estadunidense”...

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