sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Mocumentário


Todos, certamente, sabem o que é um documentário. Não precisa ser nenhum profundo conhecedor para saber que se trata de um filme onde os fatos são apresentados de uma forma jornalística, ou seja, sem atores, sem diálogos, sem confrontos. O trabalho é todo constituído por meio de depoimentos ou imagens de arquivo. Agora mocumentário já é um termo que se coloca um pouco mais no canto. O Word chegou inclusive a sublinhá-lo.

Mocumentário, como o próprio nome indica, é uma espécie de documentário, porém, todos os fatos são ficcionais. Ao invés de contar uma história da forma convencional, toda a trama é delineada como se fosse um documentário, e claro, como se fosse real. Só não se trata de um documentário porque há um roteiro que foi decorado previamente pelos atores.

O filme mais velho que se utiliza desse particular formato, que eu tenho conhecimento, é Zelig, de Woody Allen. O filme conta a trajetória de Leonard Zelig, conhecido como homem-camaleão. A alcunha deve-se ao fato de que o personagem assume a personalidade daqueles ao seu redor, tanto trejeitos físicos quanto psicológicos. O filme é da primeira metade da década de 80.

Um trabalho mais recente é A Morte de George W.Bush. O filme conta a história do assassinato do ex-presidente dos Estados Unidos (assim todos já o consideramos). É um filme de razoável fama no meio alternativo. Talvez mesmo por resgatar o formato e por tratar de um assunto tão polêmico quanto um possível assassinato de uma pessoa tão conhecida quanto não muito querida como é o caso do personagem principal.

Esse tipo de filme instiga justamente essa curiosidade. No caso do último filme comentado, a partir do título podemos já nos perguntar como se deu esse assassinato, em que circunstâncias, por quem, onde, a reação do povo. Cabe somente ao talento do roteirista e do diretor responder essas questões de uma maneira satisfatória para que a obra tenha uma vida longa. Mas há uma dificuldade inerente ao mocumentário que deve ser ressaltada: o desenvolvimento. Quando se fala em documentário muitos já esperam uma obra lenta onde só aqueles que têm determinada intimidade com o tema abordado se interessariam. Com o mocumentário pode ocorrer o mesmo. Ainda que seja uma ficção, e que saibamos disso previamente, os roteiristas devem ter um trabalho redobrado para prender a atenção dos espectadores.

Para não ficarmos apenas com estrangeiros, citarei um nacional. Um filme de animação e recente. Estou falando de Dossiê Rê Bordosa. A famosa personagem dos quadrinhos foi “assassinada” pelo seu criador, Angeli. Como forma de entender o porquê dessa vil atitude foram feitas entrevistas com pessoas ligadas ao cartunista. Outros personagens de Angeli também aparecem dando depoimentos acerca do crime. Manchetes de jornal que trataram do caso são apresentadas. O filme, que é um curta-metragem, foi bastante bem recebido e tem sido laureado com vários prêmios pelos festivais por onde passa.

O cinema não é somente invenção, é reinvenção. Alguém já disse que todas as histórias foram contadas, e o que de fato pesa no valor artístico do seu trabalho é o como essa história é contada. Alguns se utilizam de narrativas não-lineares e outros de mocumentários.

2 comentários:

Elis disse...

Oi, Francisco!
Bom te ver produzindo!
Beijo!

Li

Grilherme disse...

Faltou a bruxa de blair. Exemplo máximo de mockumentary