Não sei como funciona o metrô em outras grandes metrópoles Brasil e mundo afora. Sei como funciona no Rio de Janeiro, cidade que resido. Sei, mas dispensaria saber se soubesse o que iria encontrar, manja? Conheci mais a fundo quando estagiava em uma localidade em que era preciso migrar para a chamada linha dois. Já disseram que toda experiência é válida. Óbvio que essa frase parte de um princípio apoiado no paroxismo, mas essa experiência específica ao menos serve para dizer neste blog que conheço.
O que pega mesmo é a hora do rush, como os metidos a estadunidenses gostam de falar; a hora que o pessoal vai para o trabalho e retorna para seus respectivos lares, ou respectivos lares de suas respectivas amantes ou amantes ou respectivos motéis em que marcaram com suas respectivas amantes ou amantes. Ou mesmo em respectivos matos haja vista a dificuldade econômica que, em se tratando de Brasil, não é privilégio de poucos.
Ocorre por vezes uma ritualização ao se pegar ou sair do metrô. Há malandragens e mais malandragens. O brasileiro por si tem fama de malandro, o carioca nem se fala, é o supra-sumo. O conterrâneo, para não ficar pra trás, tenta se igualar ao carioca. É possível, inclusive encontramos escolas para que os caboclos vindo de diversas cidades do nordeste saibam chiar, tal qual o carioca eXXXperto. Culpa do capitalismo que ao vislumbrar uma chance de lucro, lá se instala.
Continuemos de onde começamos: o metrô. Quando este se aproxima da estação de transferência, estação Estácio, alguns atletas profissionais (atletas são todos, profissionais são poucos) que sem dúvida estão há mais tempo, se preparam: arrumam os bonés, verificam suas mochilas, conferem o bafo - não me pergunte para quê - e então se postam frente às portas, feito os atletas olímpicos que verificamos em competições oficiais, no que podemos contatar um mundaréu de talentos desperdiçados. Bem no meio porque tão logo já se veja uma brecha para sair ele parte. Partiu. Com pressa. Chega a segurar o boné para não voar tamanha a pressão do vento com o seu movimento. Pula alguns degraus da escada. São dois lances, desce da mesma forma que antes. Chegou. Droga! O filho da puta do metrô não está. Eu, como não corro para pegar o metrô, nunca vi a cara de frustração de um desse competidores. Sim, porque correr daquela forma para chegar e não ter nada, no mínimo é desanimador. Broxante, par usar de termos sexuais práticos para que todos possamos gozar – agora sem cunho sexual – destas linhas.
Para quem pensa que a aventura está finda, comete um ledo engano. Há ainda a parte de entrar no outro metrô. As pessoas se colocam frente à porta empurram umas as outras, tudo para conseguir um lugar ao sol, digo, ao banco. Não entendo porquê se em muitos casos, como era o meu, a pessoa está se dirigindo ao trabalho onde ficarão o dia inteiro sentados. Já pensei que pudesse se tratar de uma questão de exercício, talvez aquele monumental esforço do nosso amigo corredor valha por uma caminhada moderada de alguns minutos. Resta saber se ele consultou um médico, se faz alongamento antes.